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domingo, 6 de novembro de 2011

Energia

 


nuclear
Uma usina de energia nuclear. Vapor não-radioativo sai das torres de resfriamento.
Energia nuclear é a energia liberada numa reação nuclear, ou seja, em processos de transformação de núcleos atómicos. Alguns isótopos de certos elementos apresentam a capacidade de se transformar em outros isótopos ou elementos através de reações nucleares, emitindo energia durante esse processo. Baseia-se no princípio da equivalência de energia e massa (observado por Albert Einstein), segundo a qual durante reações nucleares ocorre transformação de massa em energia. Foi descoberta por Hahn, Straßmann e Meitner com a observação de uma fissão nuclear depois da irradiação de urânio com nêutrons.
A tecnologia nuclear tem como uma das finalidades gerar eletricidade. Aproveitando-se do calor emitido na reação, para aquecer a água até se tornar vapor, assim movimentando um turbogerador. A reação nuclear pode acontecer controladamente em um reator de usina nuclear ou descontroladamente em uma bomba atómica. Em outras aplicações aproveita-se da radiação ionizante emitida.

Índice

Tipos de reações nucleares

A reação nuclear é a modificação da composição do núcleo atómico de um elemento, podendo transformar-se em outro ou outros elementos. Esse processo ocorre espontaneamente em alguns elementos. O caso mais interessante é a possibilidade de provocar a reação mediante técnicas de bombardeamento de nêutrons ou outras partículas. Existem duas formas de reações nucleares: a fissão nuclear, onde o núcleo atômico subdivide-se em duas ou mais partículas; e a fusão nuclear, na qual ao menos dois núcleos atômicos se unem para formar um novo núcleo.

 Exemplo

Apenas um exemplo das mais de 1000 possíveis fissões de urânio-235: Urânio captura um nêutron, torna-se instável e fraciona em bário e criptônio com emissão de dois nêutrons.
{}^{235}_{\ 92} \mathrm {U} \ + \ {}^{1}_{0} \mathrm {n} \rightarrow \ {}^{236}_{\ 92} \mathrm {U} \ \rightarrow \ {}^{139}_{\ 56} \mathrm {Ba} \ + \ {}^{95}_{36} \mathrm {Kr} \ + \ 2 \ {}^{1}_{0} \mathrm {n}
Com esta reação Hahn e Strassmann demonstraram a fissão em 1938 através da presença de bário na amostra, usando espectroscopia de massa.
HISTORIA Ernest Rutherford, o descobridor do núcleo atômico, já sabia que estes poderiam ser modificados através de bombardeamento com partículas rápidas. Com a descoberta do nêutron ficou claro que deveriam existir muitas possibilidades dessas modificações. Enrico Fermi suspeitava que o núcleo ficaria cada vez maior acrescentando nêutrons. Ida Noddack foi a primeira a suspeitar que "durante o bombardeamento de núcleos pesados com nêutrons, esses poderiam quebrar em pedaços grandes, que são isótopos de elementos conhecidos, mas não vizinhos dos originais na tabela periódica"
A fissão nuclear foi descoberta por Otto Hahn e Fritz Straßmann em Berlim-1938 e explicada por Lise Meitner e Otto Frisch (ambos em exílio na Suécia) logo depois, com a observação de uma fissão nuclear depois da irradiação de urânio com nêutrons.
Otto Hahn e Lise Meitner no laboratório
A primeira reação em cadeia foi realizada em dezembro de 1942 em um reator de grafite de nome Chicago Pile 1 (CP-1), no contexto do projeto Manhattan com a finalidade de construir a primeira bomba atômica, sob a supervisão de Enrico Fermi na Universidade de Chicago.

Tipos de reatores

Reatores de fissão

Existem vários tipos de reatores, reatores de água leve (ingl. Light Water reactor ou LWR), reatores de água pesada (ingl. Heavy Water Reactor ou HWR), reator de rápido enriquecimento ou "reatores incubadores" (ingl. Breeder reactor) e outros, dependendo da substância moderador usada. Um reator de rápido enriquecimento gera mais material físsil (combustível) do que consome. A primeira reação em cadeia foi realizada num reator de grafite. O reator que levou o acidente nuclear de Chernobyl também era de grafite. A maioria dos reatores em uso para geração de energia elétrica no mundo são do tipo água leve. A nova geração de usinas nucleares, denominada G3+, incorpora conceitos de segurança passiva, pelos quais todos os sistemas de segurança da usina são passivos, o que as tornam intrinsecamente seguras. Como reatores da próxima geração (G4) são considerados reatores de sal fundido ou MSR (ingl. molten salt reactor). Ainda em projeto conceitual, será baseada no conceito de um reator de rápido enriquecimento.

Reatores de fusão

O emprego pacífico ou civil da energia de fusão está em fase experimental, existindo incertezas quanto a sua viabilidade técnica e econômica.
O processo baseia-se em aquecer suficientemente núcleos de deutério até obter-se o estado plasmático. Nesse estado, os átomos de hidrogênio se desagregam permitindo que ao se chocarem ocorra entre eles uma fusão produzindo átomos de hélio. A diferença energética entre dois núcleos de deutério e um de hélio será emitida na forma de energia que manterá o estado plasmático com sobra de grande quantidade de energia útil.
A principal dificuldade do processo consiste em confinar uma massa do material no estado plasmático já que não existem reservatórios capazes de suportar as elevadas temperaturas a ele associadas. Um meio é a utilização do confinamento magnético.
Os cientistas do projeto Iter, do qual participam o Japão e a União Européia, pretendem construir uma central experimental de fusão para comprovar a viabilidade econômica do processo como meio de obtenção de energia.

Bomba atômica

As bombas nucleares fundamentam-se na reação nuclear (i.e. fissão ou fusão nuclear) descontrolada e portanto explosiva.
A eficácia da bomba atômica baseia-se na grande quantidade de energia liberada e em sua toxicidade, que apresenta duas formas: radiação e substâncias emitidas (produtos finais da reação e materiais que foram expostos à radiação), ambas radioativas. A força da explosão é de 5 mil até 20 milhões de vezes maior, se comparada a explosivos químicos. A temperatura gerada em uma explosão termonuclear atinge de 10 até 15 milhões de graus Celsius no centro da explosão.
Na madrugada do dia 16 de julho de 1945, ocorreu o primeiro teste nuclear da história, realizado no deserto de Alamogordo, Novo México, o chamado Trinity test.
A explosão de Trinity
O segundo, empregado pela primeira vez para fins militares durante a Segunda Guerra Mundial, foi na cidade japonesa de Hiroshima e o terceiro, na cidade de Nagasaki. Essas explosões mataram ao todo cerca de 155.000 pessoas imediatamente, além de 110.000 pessoas morrerem durante as semanas seguintes, em consequência dos efeitos da radioatividade. Além disso, suspeita-se que até hoje mais 400.000 morreram devido as efeitos de longo prazo da radioatividade
As bombas termonucleares são ainda mais potentes e fundamentam-se em reações de fusão de hidrogênio ativadas por uma reação de fissão prévia. A bomba de fissão é o ignitor da bomba de fusão devido à elevada temperatura para iniciar o processo da fusão.

 Toxicidade de radioativos

A toxicidade baseia-se na radiação emitida pelas substâncias envolvidas na reação nuclear. Assim, tanto o material utilizado, quanto todo entorno serão fonte de radioatividade e, portanto, tóxicos.
A descobridora da radiação ionizante, Marie Curie, sofreu envenenamento radioativo, em 1898, por manipular materiais radioativos levando a inflamação nas pontas dos dedos e no final da vida ela sofreu e morreu de leucemia.

 Aplicação civil

A fissão nuclear do urânio é a principal aplicação civil da energia nuclear. É usada em centenas de centrais nucleares em todo o mundo, principalmente em países como a França, Japão, Estados Unidos, Alemanha, Suécia, Espanha, China, Rússia, Coreia do Norte, Paquistão e Índia, entre outros.
A percentagem da energia nuclear na geração de energia mundial é de 6,5 % (1998,UNDP) e de 16 % na geração de energia elétrica. No mês de janeiro 2009 estavam em funcionamento 210 usinas nucleares em 31 países com ao todo 438 reatores produzindo a potência elétrica total de 372 GW.
País Em funcionamento Desligado Em construção Geração de
energia elétrica
Nú-
mero
Potência
líquida
em MW
Potência
bruta
em MW
Nú-
mero
Potência
líquida
em MW
Potência
bruta
em MW
Nú-
mero
potência
líquida
em MW
Potência
bruta
em MW
2006
em TWh
Percen-
tagem
em %
África do Sul 2 1.800 1.888 10,1 4
Alemanha 9 [2] 12.004 12.607 27 14.365 15.083 158,7 26
Argentina 2 935 1.005 1 692 745 6,9 7
 Arménia 1 376 408 1 376 408 2,4 42
 Bélgica 7 6.092 5.801 1 11 12 44,3 54
Brasil 2 1.901 2.007 1 1.405 1.500 13,8 3
 Bulgária 2 1.906 2.000 4 1.632 1.760 2 1.906 2.000 18,1 44
 Canadá 18 12.584 13.360 7 3.046 3.243 92,4 16
 Cazaquistão 1 52 90
 China 11 8.587 9.078 5 4.220 4.534 54,8 2
 Coreia do Sul 20 16.810 17.716 4 3.800 4.000 141,2 39
 Eslováquia 5 2.034 2.200 2 518 584 16,6 57
 Eslovênia 1 666 730 5,3 40
 Espanha 8 7.450 7.728 2 621 650 57,4 20
 Estados Unidos 104 99.210 105.664 28 9.764 10.296 1 1.165 1.218 787,2 19
 Finlândia 4 2.676 2.780 1 1.600 1.720 22,0 20
 França 59 63.363 66.130 11 3.951 4.098 1 1.600 1.650 428,0 78
 Países Baixos 1 482 515 1 55 58 3,3 4
 Hungria 4 1.755 1.866 12,5 38
 Índia 17 3.732 3.900 6 2.910 3.160 15,6 3
 Irã 1 915 1.000
 Itália 4 1.423 1.472
 Japão 56 47.593 49.580 4 566 624 1 866 912 291,5 30
 Lituânia 1 1.185 1.300 1 1.185 1.300 8,7 70
 México 2 1.360 1.364 10,4 5
Paquistão 2 425 462 1 300 325 2,5 3
 Reino Unido 19 10.982 11.902 26 3.324 3.810 69,2 19
 República Checa 6 3.538 3.742 24,5 32
 Roménia 2 1.310 1.412 5,2 9
 Rússia 31 21.743 23.242 5 786 849 7 4.585 4.876 144,3 16
 Suécia 10 8.916 9.275 3 1.210 1.242 65,0 48
Suíça 5 3.220 3.372 26,3 37
Taiwan 6 4.884 5.144 2 2.600 2.700 37,0 22
 Ucrânia 15 13.107 13.835 4 3.500 3.800 2 1.900 2.000 84,8 48
Mundo 432 362.626 382.858 125 43.339 46.407 42 32.105 34.083 2.660 17

 Vantagens da energia nuclear

A principal vantagem da energia nuclear é a não utilização de combustíveis fósseis. Considerada como vilã no passado, a Energia Nuclear passou gradativamente a ser defendida por ecologistas de nome como James E. Lovelock por não gerarem gases de efeito estufa. Estes ecologistas defendem uma virada radical em direção à energia nuclear como forma de combater o aquecimento global argumentando que particularmente áreas contaminadas por acidentes núcleares como a região de Chernobyl se tornam em parques ecológicos perfeitos com natureza plena e selvagem.
Em comparação com a geração hidrelétrica, a geração a partir da energia nuclear apresenta a vantagem de não necessitar o alagamento de grandes áreas para a formação dos lagos de reservatórios, evitando assim a perda de áreas de reservas naturais ou de terras agriculturáveis, bem como a remoção de comunidades inteiras das áreas que são alagadas. Outra vantagem da energia nuclear em relação à geração hidrelétrica é o fato de que a energia nuclear é imune à alterações climáticas futuras que porventura possam trazer alterações no regime de chuvas.
Já que a maior parte (cerca de 96%) do combustível nuclear queimado é constituída de Urânio natural, uma grande parte do combustível utilizado nos reatores nucleares é reprocessado em plantas de reprocessamento como a Urenco no Novo México. Cerca de 60% do combustível nuclear é mandado diretamente para o reprocessamento. O reprocessamento visa re-enriquecer o urânio exaurido, tornando possível que ele seja novamente utilizado como combustível.
A parte do combustível que nao é reprocessada imediatamente é armazenada para reprocessamento futuro, ou é armazenada semi-definitivamente em depósito próprio.
Cerca de 4% do total do combustível queimado é constituído dos chamados produtos de fissão e da série dos actinídeos, que são originados a partir da fissão do combustível nuclear. Estes podem incluir elementos altamente radioativos como o Plutônio, Amerício e Césio. Atualmente esses elementos são separados do urânio que será reprocessado e são armazenados em depósitos projetados especificamente para armazenamento de elementos radioativos ou utilizados em pesquisas. O Plutônio têm valor estratégico e científico particularmente alto por ser utilizado na fabricação de armamentos nucleares e também para pesquisas relacionadas aos chamados Fast Breed Reactors, que são reatores que operam utilizando uma combinação de urânio natural e plutônio como combustível. O Plutônio também é utilizado na cura do câncer e como combustível de satélites artificiais.

Desvantagens da energia nuclear

Resíduos radioativos

A geração de rejeito radioativo de usinas nucleares é normalmente baixa, mas representa um problema pois os elementos contidos no combustível queimado, pricipalmente os produtos de fissão, demoram um tempo muito longo para decairem em outros elementos e apresentam alta radioatividade, portanto é necessário que eles fiquem confinados em um depósito próprio onde não possa haver nem interferência humana externa nem interferência ambiental (já que a inteferência ambiental pode causar vazamentos e deslocamento dos elementos).
Mesmo não representando considerável perigo na forma conhecida por "intoxicação metais pesados", o plutônio mostra-se particularmente tóxico se inalado. Sua toxidade por inalação supera em cerca de 10.000 vezes sua toxidade por ingestão, e a aspiração de minúsculas quantidades deste elemento pode levar - a médio prazo - a uma morte por cancer de pulmão. Intencionalmente, com apenas um quilograma de Plutônio-239 seria possível, do ponto de vista puramente matemático, fazer-se uma quantidade suficiente de aerosol para provocar, por via inalatória, a extinção da população humana a longo prazo. Embora por simples contaminação do ar e disseminação aérea a presença deste elemento no ambiente não implique um final tão aterrador - haja vista as centenas de bombas atômicas já detonadas pelas potências nucleareas em seus testes, muitas das quais exclusivamente feitas de plutônio - esta não deve jamais ser subestimada. Em um ano, um reator nuclear de 1200 MW (como p. ex. o de Angra 2) produz 265 kg desse material, que tem uma meia-vida de 24.000 anos, e há material de sobra para se produzirem danos consideráveis às populações humanas e meio ambiente em geral.

Acidentes

O acidente no reator de Chernobyl (ex-URSS) contaminou radioativamente uma área de aproximadamente 150.000 km² (corresponde mais de três vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro), sendo que 4.300 km² possuem acesso interditado indefinidamente. Até 180 quilômetros distantes do reator situam-se áreas com uma contaminação de mais de 1,5 milhões de Becquerel por km², o que as deixa inabitáveis por milhares de anos.
Um reator nuclear necessita resfriamento, mesmo em estado desligado, pois os processos de decaimento spontâneos desenvolvem uma quantidade de calor que pode chegar até 10% da força máxima do reator. Caso que todos os sistemas de resfriamento falham o reator se esquenta levando os metais dos combustíveis fundir, que acontece a temperaturas em volta de 2000°C. Nesse caso existe perigo do combustível fundir um buraco no contéiner de segurança com a inevitável contaminação radioativa dos arredores da usina. Para evitar tal caso, uma usina nuclear tem cascatas de sistemas de resfriamento ou seja operado com bombas eléctricas, bombas a diesel e caso que todas esses falham baterias para continuar a operação de ventilos e bombas e da unidade de controle durante entre 2 e 8 horas.
A falha de resfriamento pode ser causado por erros humanos, impacto de catástrofes naturais ou attaques terroristas. Foram falhas de funcionários no caso do acidente da usina "Three Mile Island" perto de Harrisburg, Pennsylvania, E.U.A que levou a destruição completa do reator e o vazamento de substâncias radioativas com mais de 1,6 · 1015 Bq no dia 28 de março de 1979 (nível 5 na escla INES).
Um terremoto da 8,9 na escala Richter e a sequente enchente Tsunami levou o avaria nuclear de Fukushima (nível 7 na escla INES). A falha de resfriamento causou os níveis de água nos tanques de de arrefecimento baixar com aquecimento dos combustíveis, tanto gastos quanto não gasto, e a formação de hidrogênio, um gas altamente explosivo em 4 dos 6 blocos da central. As seguintes explosões destruiram os prédios e causaram vazamentos em contéineres de segurança com liberação de materias radioativos.
Em 1993 uma pessoa demente ultrapassou as barricadas de segurança da usina "Three Mile Island" com um carro e chegou até o salão de turbinas. Nesse momento o reator estava em operação sob plena carga. Foi condenada sob acusação de causar ou arriscar a uma catástrofe e internada em psiquiatria.

 Perigos aos funcionários

Principalmente todo funcionário operando na proximidade de substâncias radioativas está exposto ao risco de contaminação e portanto deve cumprir regras rígidas de segurança radiológica. Mesmo assim, já aconteceram vários imprevistos na história da energia nuclear, nem todos classificados pela Agência Internacional de Energia Nuclear (IAEO).
Um funcionário do institudo de pesquisa nuclear belga em Mol (EURATOM) sofreu um acidente em 1980 que o expôs a Plutônio-239 e provavelmente o levou a morte por leucemia 8 anos depois. Pesquisas em cachorros, motivadas por esse incidente, demonstraram que 3,24 miligrama de Plutônio-239 absorvidos pelo pulmão resultam em morte por câncer.

Segurança

A Agência Internacional de Energia Atómica alertou que terroristas poderiam vir a comprar resíduos radioativos, por exemplo de países da ex-URSS ou de países com ditaduras que usam tecnologias nucleares, tais como Irã ou Coreia do Norte, e construir uma chamada "bomba suja".
O quão fácil é desviar materiais altamente radioativos é demonstrado pelo exemplo do acidente radiológico de Goiânia, no Brasil em 1987, onde foi encontrada por moradores em um lixão, contida dentro de uma máquina hospitalar e levada para casa e exposta a todos do bairro, pois, brilhava no escuro. uma pedra de sal de cloreto de Césio-137, um isótopo radioativo, de um hospital abandonado.
Nunca foi registrado qualquer tipo de acidente externo à uma usina nuclear relacionado com o material utilizado na produçao de energia nuclear, ou seja, combustível nuclear, apesar de vários casos envolvendo acidentes cívis com fontes médicas e comerciais de radiaçao.
Uma usina nuclear, justamente por lidar com algo potencialmente perigoso e que já resultou em acidentes no passado, tem normas de segurança tanto nacionais quanto internacionas que garantem que cada procedimento seja feito de acordo com todos os padrões de segurança. A Agência Internacional de Energia Atômica é um orgão internacional regulatório que salva-guarda a construção e uso da energia nuclear no mundo. Os requisitos para a obtenção de salva-guarda são severos e reconhecidos pela exigência em relação à segurança e operação de usinas nucleares; sem uma salva-guarda, um país é proibido de realizar a construção de instalações nucleares. Um dos requisitos para a obtenção de salva-guarda é que a instalação em questão deve ser supervisionada durante toda a sua existência por um grupo internacional de supervisores especializados em segurança radiológica e nuclear.

Gases de estufa

A produção de gases de estufa de uma usina núclear comum está de 3 a 6 vezes maior comparada com a energia hídrica e eólica, considerando o processo todo necessário para operá-la.

Energia eólica


Energia renovável
=
Turbina de Vento

Energia eólica
A energia eólica é a energia que provém do vento. O termo eólico vem do latim aeolicus, pertencente ou relativo a Éolo, deus dos ventos na mitologia grega e, portanto, pertencente ou relativo ao vento.

Conversão em energia mecânica

A bolina sob o barco a vela oferece resistência lateral à ação do vento, permitindo um avanço gradual através do vento.
A energia eólica tem sido aproveitada desde a antiguidade para mover os barcos impulsionados por velas ou para fazer funcionar a engrenagem de moinhos, ao mover as suas pás. Nos moinhos de vento a energia eólica era transformada em energia mecânica, utilizada na moagem de grãos ou para bombear água. Os moinhos foram usados para fabricação de farinhas e ainda para drenagem de canais, sobretudo nos Países Baixos.

Conversão em energia elétrica

Na atualidade utiliza-se a energia eólica para mover aerogeradores - grandes turbinas colocadas em lugares de muito vento. Essas turbinas têm a forma de um catavento ou um moinho. Esse movimento, através de um gerador, produz energia elétrica. Precisam agrupar-se em parques eólicos, concentrações de aerogeradores, necessários para que a produção de energia se torne rentável, mas podem ser usados isoladamente, para alimentar localidades remotas e distantes da rede de transmissão. É possível ainda a utilização de aerogeradores de baixa tensão quando se trata de requisitos limitados de energia elétrica.
A energia eólica pode ser considerada uma das mais promissoras fontes naturais de energia, principalmente porque é renovável, ou seja, não se esgota, limpa, amplamente distribuída globalmente e, se utilizada para substituir fontes de combustíveis fósseis, auxilia na redução do efeito estufa. Em países como o Brasil, que possuem uma grande malha hidrográfica, a energia eólica pode se tornar importante no futuro, porque ela não consome água, que é um bem cada vez mais escasso e que também vai ficar cada vez mais controlado. Em países com uma malha hidrográfica pequena, a energia eólica passa a ter um papel fundamental já nos dias atuais, como talvez a única energia limpa e eficaz nesses locais. Além da questão ambiental, as turbinas eólicas possuem a vantagem de poderem ser utilizadas tanto em conexão com redes elétricas como em lugares isolados, não sendo necessário a implementação de linhas de transmissão para alimentar certas regiões (que possuam aerogeradores).
Em 2009 a capacidade mundial de geração de energia elétrica através da energia eólica foi de aproximadamente 158 gigawatts (GW), o suficiente para abastecer as necessidades básicas de dois países como o Brasil(o Brasil gastou em média 70 gigawatts em janeiro de 2010). Para se ter uma idéia da magnitude da expansão desse tipo de energia no mundo, em 2008 a capacidade mundial foi de cerca de 120 GW e, em 2007, 59 GW.
Um aerogerador é um dispositivo que aproveita a energia eólica e a converte em energia elétrica.
A capacidade de geração de energia eólica no Brasil foi de 606 megawatts (MW) em 2009, onde houve um aumento de 77,7% em relação ao ano anterior. A capacidade instalada em 2008 era de 341 MW. O Brasil responde por cerca da metade da capacidade instalada na América Latina, mas representa apenas 0,38% do total mundial.
Os EUA lideram o ranking dos países que mais produzem energia através de fonte eólica. O total instalada nesse país ultrapassa os 35 GW. Atrás deles vem a Alemanha, com cerca de 26 GW instaladas, e a China, com 25 GW.
Em alguns países, a energia elétrica gerada a partir do vento representa significativa parcela da demanda. Na Dinamarca esta representa 23% da produção, 6% na Alemanha e cerca de 8% em Portugal e na Espanha (dados de setembro de 2007). Globalmente, a energia eólica não ultrapassa o 1% do total gerado por todas as fontes.
O custo da geração de energia eólica tem caído rapidamente nos últimos anos. Em 2005 o custo da energia eólica era cerca de um quinto do que custava no final dos anos 1990, e essa queda de custos deve continuar com a ascensão da tecnologia de produção de grandes aerogeradores. No ano de 2003 a energia eólica foi a forma de energia que mais cresceu nos Estados Unidos.
Águia cobreira Circaetus gallicus morta devido a colisão contra uma pá de um aerogerador de uma usina eólica.
A maioria das formas de geração de eletricidade requerem altíssimos investimentos de capital e baixos custos de manutenção. Isto é particularmente verdade para o caso da energia eólica, onde os custos com a construção de cada aerogerador podem alcançar milhões de reais, os custos com manutenção são baixos e o custo com combustível é zero. Na composição do cálculo de investimento e custo nesta forma de energia levam-se em conta diversos fatores, como a produção anual estimada, as taxas de juros, os custos de construção, de manutenção, de localização e os riscos de queda dos geradores. Sendo assim, os cálculos sobre o real custo de produção da energia eólica diferem muito, de acordo com a localização de cada usina.
Apesar da grandiosidade dos modernos moinhos de vento, a tecnologia utilizada continua a mesma de há 1000 anos, tudo indicando que brevemente será suplantada por outras tecnologias de maior eficiência, como é o caso da turbovela, uma voluta vertical apropriada para capturar vento a baixa pressão ao passar nos rotores axiais protegidos internamente. Esse tipo oferece certos riscos de colisões das pás com objetos voadores (animais silvestres) mas não interfere na áudiovisão. Essa tecnologia já é uma realidade que tanto pode ser introduzida no meio ambiente marinho uma vez que os animais aquáticos não correm riscos de colisão como no ambiente terrestre.

Uso

Capacidade instalada de produção de energia eólica no final de 2009 [1]
País EUA Alemanha China Espanha Índia Itália França Reino Unido Portugal Brasil
MW 35.159 25.777 25.104 19.149 10.926 4.850 4.492 4.051 3.535 1.000[5]
% 22,3 16,3 15,9 12,1 6,9 3,1 2,8 2,6 2,2 0,9

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Fim de uma era

Morre Steve Jobs, criador da Apple, iPod, iPhone, iPad...

O gênio visionário – responsável por revolucionar segmentos da indústria e colocar a tecnologia na palma da mão do consumidor – tinha 56 anos e lutava contra um câncer de pâncreas. Perfeccionista e inventivo, transformou a empresa criada na garagem de seus pais em uma das mais valiosas do planeta

 
Steve Jobs no lançamento do computador Apple II, abril de 1977
Steve Jobs no lançamento do computador Apple II, abril de 1977 - Tom Munnecke/Getty Images
Steve Jobs – o gênio da tecnologia responsável por revolucionar ao menos três segmentos da indústria (computação pessoal, música, e telefonia) e inovar outra (animação para filmes) – morreu nesta quarta-feira, aos 56 anos de idade. Ex-CEO e força criativa por trás da Apple, ele lutava desde 2003 contra um câncer raro no pâncreas, que o levou a deixar, em agosto, a direção da companhia que ele fundou em 1976 e ajudou a transformar em uma das mais valiosas do planeta. Jobs deixa a mulher, Laurene, e quatro filhos – três mulheres e um homem.
A família de Jobs se manifestou publicamente, mas pediu privacidade. "Ele morreu hoje, pacificamente, cercado por sua família... Nós sabemos que muitos de vocês sentirão a perda conosco, porém, pedimos respeito e privacidade durante esta hora de dor."
No site da Apple, uma nota faz uma homenagem a Jobs: "A Apple perdeu um gênio visionário e criativo, e o mundo perdeu um ser humano incrível. Aqueles que tiveram o prazer de conhecer e trabalhar com Steve perderam um amigo querido e um mentor inspirador. Steve deixa para trás uma companhia que somente ele pôde erguer e seu espírito será para sempre a essência da Apple".
Jobs protagonizou uma das sagas mais fascinantes de nosso tempo, uma aventura digna de filme. Reúne drama familiar, construção de um império, traição empresarial, superação e, sim, romance. Colocado para adoção logo após o nascimento, o menino nascido em São Francisco, na Califórnia, foi acolhido por uma família simples com a condição de que pudesse cursar a universidade. Uma vez lá, o jovem Steven Paul abandonou os estudos, trocando a graduação promissora por um incerto curso de caligrafia e uma viagem mística pela Índia. De volta aos Estados Unidos, inventou na garagem dos pais, ao lado de um amigo, Steve Wozniak, o que viria a ser o primeiro computador pessoal do mundo. Aos 20 anos, a dupla fundou a Apple. Três anos depois, acumulava 100 milhões de dólares. Aos 30, Jobs foi expulso da companhia pelo homem que ele mesmo contratara, John Sculley. Fora da "maçã", fundou outra empresa de computadores e comprou, do cineasta George Lucas, uma produtora de animações, a Pixar, por 10 milhões de dólares – 11 anos depois, a empresa seria vendida por 7 bilhões de dólares com filmes como Toy Story no currículo. Aos 42, Jobs foi convocado de volta à Apple para salvar a empresa da falência. Nos anos seguintes, lançou o iPod, iniciando a revolução no mercado de distribuição de música, o iPhone, catapultando o setor de smartphones, e o iPad, promovendo movimentação no setor editorial. Ao final do ciclo, a Apple chegou a ocupar o posto de empresa mais valorizada do planeta, avaliada em cerca de 350 bilhões de dólares. A última década de vida, talvez a mais frutífera, foi marcada também pela batalha contra o câncer no pâncreas. Uma trajetória de tirar o fôlego.
Jobs não criou tudo sozinho, é claro, mas não há dúvidas de que seu espírito – exigente e inventivo – foi decisivo para moldar a tecnologia que chegou às mãos do consumidor no último quarto de século. Foi ele, por exemplo, quem insistiu com Wozniak na ideia de levar o Apple I, primeiro computador pessoal, ao grande público. Foi dele também a decisão de abandonar, no início da década passada, o desenvolvimento do tablet e, em seu lugar, abraçar o projeto que desaguaria no iPhone, aparelho que de fato apresentou ao mundo o celular inteligente (o tablet ficaria para depois).
Wozniak, o amigo e cofundador da Apple, concorda com todos os talentos atribuídos a Jobs – apurado senso estético, capacidade de liderar, visão de mercado, poder de comunicação... Mas aponta um que, a seu ver, distancia o ex-CEO da esmagadora maioria dos líderes empresariais e também da maior parte dos mortais: "Ele sabe o que as pessoas querem ver nos produtos e também o que não querem. É um entendimento total do que motiva o ser humano."
O nome de Jobs está presente em nada menos do que 313 patentes, que tratam de invenções, usadas em produtos como desktops, iPods, iPhones e iPads. Até alguns itens de decoração utilizados nas lojas da Apple foram registrados pelo ex-CEO. As patentes se referem a tecnologia, funcionalidades e também ao design dos aparelhos, um aspecto essencial para Jobs. "Design não é apenas a aparência de um produto. Design é como ele funciona." Várias vezes, ele deixou claro seu interesse pela zona de contato entre técnica e design e sua admiração pelo renascentista Leonardo Da Vinci (1452-1519), o mestre que pintou a Monalisa e esboçou um protótipo do helicóptero.
"Steve Jobs é o Henry Ford da tecnologia", aposta Leander Kahney, autor do livro A Cabeça de Steve Jobs, que procura dissecar o método do americano. "Ele é o maior inovador na indústria da tecnologia voltada ao consumidor." Carmine Gallo, colunista da revista Businessweek, complementa a comparação: "Ele mudou totalmente o modo como interagimos com equipamentos digitais. Se não fosse por Jobs, ainda estaríamos digitando linhas de comando, em linguagem de máquina." Perfeccionista, Jobs criou produtos de uso simples, mas com aparência sofisticada, que mexeram com o imaginário de seus consumidores, criando uma legião de fãs da Apple.
Tanta exigência teve seu preço. Jobs passou a ser conhecido como um chefe implacável, que podia demitir um funcionário no elevador caso ele não tivesse na ponta da língua resposta sobre um produto em desenvolvimento na companhia. Em outras situações de trabalho, era comum que os colaboradores fossem interrompidos logo que pronunciavam as primeiras palavras de um raciocínio: "Já entendi. Mas o que penso sobre esse assunto é o seguinte..."
O executivo não era surdo às críticas, e chegou a explicar suas razões. "Algumas pessoas não estão acostumadas com um ambiente onde se espera excelência", disse certa vez. Em outra oportunidade, mostrou o peso de ser líder: "É doloroso trabalhar com algumas pessoas que não as melhores do mundo e precisar livrar-se delas. Mas constatei que minha função, às vezes, consiste exatamente nisso: descartar algumas pessoas que não correspondem às expectativas." A melhor autodefinição, contudo, talvez seja a seguinte: "Meu trabalho não é ser fácil com as pessoas. Meu trabalho é torná-las melhores."
"Steve nunca permitiu que a Apple fizesse produtos apenas razoáveis, nem mesmo bons: ele só aceitava os excelentes", afirma Wozniak, o amigo de juventude com quem Jobs criou o primeiro computador pessoal. Até mesmo rivais reconheceram a estatura do executivo não apenas na condução dos negócios da Apple, mas também seu carisma para liderar e motivar sua equipe e cativar consumidores. Foi o caso de Bill Gates, o fundador da gigante de software Microsoft: "Ao pensar em líderes que conseguem inspirar seus funcionários, Steve Jobs é o melhor que já conheci. Ele acredita na excelência de seus produtos e é capaz de comunicar isso."
Sem seu principal criador, a Apple caminhará sob comando de Tim Cook, antigo chefe de operações da companhia, que assumiu o cargo de CEO no final de agosto. Um dia depois do afastamento de Jobs, as ações da companhia caíram cerca de 2%, exprimindo a preocupação dos investidores com o futuro da companhia. "Em curto prazo, contudo, não vemos nenhum impacto que possa prejudicar a Apple. São oscilações normais de mercado", avalia Bruno Freitas, analista de mercado do grupo IDC.
O conforto é fruto de uma tática quase imperceptível adotada pelo cérebro da empresa: o treino das lideranças da companhia. Nos lançamentos da marca nos últimos anos, por exemplo, Jobs dividia as apresentações: ele mostrava as novidades e deixava as explicações técnicas para os especialistas. Além disso, em 2008, foi criada a Apple University, com o objetivo de ensinar os empregados da empresa a "pensar como Steve Jobs" e a tomar decisões como ele. A idéia era impregnar nos executivos o "jeito Steve Jobs de ser".
"Não há dúvidas de que, sem ele, não haveria Apple. Mas a questão é que ele criou um time e uma série de processos pensando no sucesso", diz Carolina Milanesi, analista do Gartner, grupo especializado em análise de mercado. Freitas completa: "Podemos falar que a Apple absorveu o DNA de Steve Jobs. Por isso, ela pode continuar bem, mesmo sem ele no comando."
Só o futuro poderá dizer se o atual e os novos dirigentes da empresa manterão o vigor de Jobs. É improvável que outro profissional reúna os mesmos talentos dele. Mas é imprescindível que seus líderes nutram pela companhia – e por tudo o que ela representa – o mesmo sentimento alimentado por seu criador: "Foi como a primeira paixão", disse Jobs certa vez sobre a Apple.